3º dia do Tríduo de São Francisco: “Superação da violência”

No último dia do Tríduo em preparação ao dia de São Francisco, véspera da festa de São Francisco de Assis, celebramos o Trânsito de Francisco, que representa o momento de sua gloriosa passagem da vida terrena para a eternidade de Deus.

Pedimos a São Francisco, que nos inspire sempre ações fraternas, promotoras de Paz e Bem, que contribuam para a “superação da violência”, que é o tema motivacional dessa noite.

Seguimos com a entrada da procissão com os freis Djalmo, Clarêncio, Florival, Leandro, Nazareno, Paulo César Ferreira (do Convento da Penha), Diácono Campelo, Ministros, Coroinhas e Acólitos.  Presidiu a celebração Frei Florival, que acolheu a todos, pedindo que cantássemos com ele o significativo refrão da música que diz “a gente pode ser muito mais feliz, seguindo o exemplo de São Francisco de Assis”.

Um dos momentos de emoção da noite, foi marcado quando, ao som da Oração de São Francisco, entrou pelo corredor central a imagem de São Francisco, com vários personagens vestidos de franciscanos e irmãs Clarissas.  A imagem foi colocada ao lado do altar e um jovem vestido de Francisco, junto com os personagens, e também com os fiéis presentes na igreja, foram convidados a ficarem de joelhos em oração à São Francisco.

Na sequência, o jovem Francisco que estava ajoelhado, levanta-se e, com seu toque levanta os demais.  Acompanhado dos franciscanos e Clarissas, Francisco segue para o presbitério, e já se sentindo enfraquecido, senta-se apoiado por outros franciscanos.

Francisco caminhava para a sua morte. “Pois o Amor, o Amor não é amado. A felicidade assim não se pode encontrar. É preciso voltar a Jesus. O amor que eu quero amar”.

Já enfraquecido, Francisco diz “a morte não é nossa inimiga, ela é passagem para o modo de vida em Deus! Um modo novo e definitivo, imortal e pleno!”

E assim, “Francisco percorreu com alegria de espírito o caminho dos mandamentos de Deus, e agora despojado de todos os atrativos mortais dessa vida, estava livre para adentrar na Vida Eterna”.

Após a leitura do Evangelho pelo Diácono Campelo, ouvimos o canto do Salmo que fala do desejo de Francisco ir para a Deus: “O Deus glorioso convida, convida Francisco de Assis, para no céu ir morar e um anjo o recebe feliz.  Exultam os coros dos anjos, na glória eterna.  Amém!”.

Seguimos com o acender das velas por toda igreja, para o cortejo fúnebre de Francisco, que aconteceu enquanto entoávamos “Teu sol não se apagará, Tua lua não terá minguante, porque o Senhor será tua luz, ó povo que Deus conduz”.

Na sequência, Frei Leandro seguiu com a homilia, e iniciou ressaltando a fragilidade do Santo de Assis, carregado numa padiola.  “Martirizado por abnegações na busca de viver e fazer a vontade de Cristo, estava com o céu garantido”. “Na terra, esvaziado de tudo, completamente nu, Francisco entrega-se com confiança a Cristo.  Depois que descobriu a mais pura liberdade, durante sua vida, distanciou-se de tudo o que impedia a ascensão da sua alma”.  De sua boca saiu a expressão “Bem-vinda, irmã Morte”.  Só alguém como Francisco, convencido dos tesouros dos céus, chamaria a morte de irmã.

Hoje fizemos memória a passagem de Francisco, “que em sua vida celebrou a Páscoa das Páscoas: a paixão de Cristo. E por isso que pede que seja lido o Evangelho de João (Jo 13, 1-15)”.

Hoje, quando celebramos o 3º dia do Tríduo, disse Frei Leandro, nós celebramos o tema a “superação da violência”.  Um tema meditado na Campanha da Fraternidade, e agora trazido para esse dia da celebração do Trânsito de Francisco. A igreja nos convida a perceber que existe uma situação real, chamada violência e essa deverá ser superada.  Tudo aquilo que impede de nossa alma subir aos céus, tudo aquilo que impede a vida seguir de forma plena, deve ser combatida e superada. Há a violência contra si, contra nosso corpo, contra nossa vida e contra o outro.  Ambas violências denigrem esse mistério e a generosidade de Deus para conosco.  A violência presente em nosso dia a dia, em nossas vidas, ela tem várias tonalidades, a violência verbal, a violência física.  A verbal, através de palavras maldosas, fofocas, falta de respeito, intrigas…  A grande violência que vemos nos jornais, TV…, porém, aquele que a comete já permitiu que em seu coração essa violência fosse gerada. “A boca fala aquilo que o coração está cheio”. “As mãos fazem aquilo que o coração está cheio”. Não vamos pensar em lugares distantes, pensemos em nossas casas, no convívio com os filhos, esposos, esposas, com os membros de sua comunidade, como está seu coração, perceba como está seu coração. Há lugares apartados, divorciados da paz, que estão marcados pela violência, mas pense na sua casa, no seu coração.  Em casa, um homem e uma mulher, que no casamento faltou com o respeito com o parceiro ou parceira, diante de uma palavra grosseira, não faltará muito para cometer violência.

“Somos convidados, nesta celebração da passagem de São Francisco para junto do Pai, a ter um olhar de lucidez sobre o nosso destino último.  Perceber a realidade do mistério Pascal em nossas vidas, por meio de Cristo”.

Também para perceber em nós “a morte que nos desespera”, uma morte que toma conta de nós.  Em nossa estrada da vida, nós temos sinais de egoísmo e traços de violências.  O pecado e o egoísmo são sinais que contribuem para uma morte desesperadora. Antes de concluirmos essa trajetória, antes da morte, temos que perceber esses traços e sinais que contribuem para uma “morte desesperadora”.

Francisco disse aos seus: “Julgais gozar por longo tempo as vaidades deste mundo, mas estais enganados, porque virá o dia e a hora na qual não pensais e que de todo desconheceis”.  Diz Francisco: “Ninguém escapará, por melhor que seja”.  “Nenhum homem há de escapar”.

Frei Leandro nos lembra de uma frase que conhecemos, já vimos em livro, na internet, que é a mais pura verdade: “Nascemos sem trazer nada, morremos sem levar nada.  E, no meio do intervalo entre a vida e a morte, brigamos por aquilo que não trouxemos e não levaremos”.

Francisco é movido pelo amor e não se apega a coisa alguma.  Desapegado de tudo.

Sua união com Cristo é tão profunda e tão real, que ele não teme coisa alguma.  Disse ao médico no final de sua vida: “Com a graça do Espírito Santo, estou tão unido a meu Senhor que igualmente estarei contente de viver ou de morrer”.

Frei Leandro seguiu alertando que “por detrás de muitas ações dos homens é que o diabo age.  Ou seja, antes da ação, houve um coração que não criou um terreno de Deus.  Criou um terreno violento, propício para habitar Satanás e suas obras”.

O caminho de São Francisco foi um caminho de penitência, o caminho do bem.  Deve haver uma necessidade de penitência em nós.  Quando conseguimos nos ater às coisas essenciais da vida, não a concluímos com medo ou com a sensação de devedor.

Que Deus nos permita por meio de São Francisco, que possamos nos desprender de tudo aquilo que nos torna violentos.  Se a gente se apega às coisas essenciais da vida, como Francisco se apegou, a morte não é um desespero.

Quem vive bem e consegue dentro dos limites que a vida impõe e é, compreende a morte, a ponto de chamá-la de irmã, como fez Francisco, não tem medo de morrer.

Finalizou Frei Leandro, dizendo que com a morte de Francisco, somos convidados a bem vivermos.  Para depois, “bem morrermos”.

Que Deus nos permita, como São Francisco de Assis, abrir mão da violência.

“Nascemos sem trazer nada, morremos sem levar nada.  E, no meio do intervalo entre a vida e a morte, brigamos por aquilo que não trouxemos e não levaremos”.

Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo!

A celebração seguiu o curso normal, e ao final, o Frei Djalmo agradeceu a todos da Comunidade, que de alguma forma, contribuíram para a celebração do Tríduo em preparação a Festa de São Francisco.  Também relembrou da programação dessa quinta-feira, dia de São Francisco, com a benção dos animais, inclusive.

 

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