Paz e Bem!
Hoje nos reunimos para celebrar a memória do sacrifício redentor e salvífico de Cristo, evidenciando a força transformadora da Cruz. No silêncio deste dia, a Cruz do Senhor nos revela o maior de todos os gestos de amor, expressando os sinais da misericórdia divina para conosco.
A celebração da paixão constou de três partes: Liturgia da Palavra; Adoração da Cruz e o Rito da comunhão. Em profundo e respeitoso silêncio, os presentes vivenciaram intensamente esta celebração.
Os frades da fraternidade paroquial junto do diácono permanente Carlos aproximaram-se do altar e se prostraram em silêncio meditando sobre a Paixão do Senhor.
Após a Liturgia da Palavra, foi rezada a Oração Universal dos fiéis que é a consciência de que a redenção realizada pelo Cristo Crucificado deve atingir todos os seres humanos. Para isso, a Igreja trabalha e reza incansavelmente; pela Santa Igreja; pelo Papa; por todas as ordens e categorias de fiéis; pelos catecúmenos; pela unidade dos cristãos; pelos judeus; pelos que não creem no Cristo e em Deus; pelos poderes públicos; e pelos que sofrem provações.
Em seguida, frei Clarêncio fez uma homiliando convidando a refletir sobre a relação da Cruz e nossas cruzes atuais, que segue na íntegra.
Senhor Jesus, ajudai-nos a ver na vossa cruz todas as coisas do mundo que são muitas.
A cruz das pessoas famintas de pão, de amor e de compreensão.
A cruz das pessoas sozinhas e abandonadas, até mesmo pelos próprios filhos e parentes.
A cruz das pessoas sedentas de justiça e de paz.
A cruz das pessoas que não tem o conforto da fé.
A cruz dos idosos que se arrastam sob o peso dos anos e da solidão.
A cruz dos imigrantes que encontram as portas fechadas por causa do medo, quando não encontram os corações blindados pelos cálculos políticos.
A cruz dos pequeninos feridos na sua inocência e na sua pureza.
A cruz da humanidade que vagueia na escuridão da incerteza e na obscuridade da cultura do momentâneo, do aqui e agora.
A cruz das famílias desagregadas pela traição, pela imaturidade dos pais, pela divisão da política, pelo egoísmo.
A cruz dos consagrados, que procuram incansavelmente levar a vossa cruz ao mundo e se sentem rejeitados, ridicularizados e humilhados
A cruz dos consagrados, que ao longo do caminho se esqueceram do Primeiro Amor e do juramento da razão de ser da sua consagração.
A cruz dos vossos filhos, que acreditando em vós e procurando viver em conformidade com a vossa palavra, se encontram marginalizados até mesmo pelos familiares e pelos que vivem ao seu redor.
A cruz das nossas debilidades, das nossas hipocrisias, das nossas traições, dos nossos pecados, das nossas numerosas promessas e propósitos não cumpridos.
A cruz dos que não se aceitam a si mesmo e vivem descontentes.
A cruz da vossa igreja, que infiel ao Evangelho tem dificuldade de levar o vosso amor e a vossa verdade até mesmo para seus filhos batizados.
A cruz da igreja, vossa esposa, que tantas vezes é atacada até mesmo por seus filhos e filhas.
A cruz da nossa casa comum, a mãe natureza, que esmorece seriamente sob nossos olhares egoístas e obcecados pela cobiça e pela ganância.
Senhor Jesus, vem realizar em nós a esperança da ressureição, a esperança da vitória definitiva contra todo tipo de mal, da vitória sobre o desânimo e a morte.
Salve cruz de Cristo, cruz da humanidade, cruz chave da porta do céu.
Amém!
No rito da comunhão, os ministros levaram as ambulas com Pão eucarístico consagrado e em seguida, o pároco frei Vanderlei fez a oração sobre o povo e os presentes foram convidados para a Adoração de Cristo na Cruz. A cruz é expressão do amor de Deus pela humanidade, assumida por Jesus como seu trono. Adorá-la é reconhecer que no seu sacrifício somos readmitidos para estarmos junto ao Deus da vida.
Primeiro frei Adriano entrou trazendo um crucifixo coberto com um pano vermelho e nesse percurso até o altar, por três vezes, ergue-o cantando e descobrindo-o parte a parte. A entrega de Cristo ao Pai e à humanidade na cruz, é o mais sublime sinal de amor. A Igreja ergue o sinal da vitória do Senhor, para concretizar nesse gesto a realização da sua Palavra: “quando eu for levantado da terra, atrairei todos a mim” (Jo 12,32). Honrando sua cruz, adoramos e agradecemos a Jesus por seu amor.