Entremos na gruta pobre, que abriga toda a riqueza do céu e da terra. Se entrarmos com olhos, espírito e pés humanos, encontraremos apenas um casal, uma criança, um boi ruminando palha, talvez espantados com a nossa presença. Se entrarmos com olhos de esperança, espírito de fé e pés de quem procura incessantemente Deus, encontraremos um homem justo e santo (Mt 1,19), chamado José, da estirpe de Davi (v. 4), que se inclinou humilde diante do mistério da encarnação do Filho de Deus no seio de sua mulher (Mt 1,20-21). Encontraremos Maria, a jovem mãe, que acaba de dar à luz misteriosamente aquele que dela e nela fora gerado pelo Espírito Santo de Deus (Lc 1,35), “o Filho do Altíssimo, destinado a reinar pelos séculos sem fim” (Lc 1,32-33), aquele que “salvará o povo de seus pecados” (Mt 1,21). Se entrarmos com olhos humanos veremos uma criança recém-nascida, “envolta em panos e deitada numa manjedoura” (vv. 7.12). Os olhos da fé, porém, se extasiam em ver o Filho do Pai eterno e da Virgem Maria, Deus de Deus e homem como nós! Chama-se Jesus, o Salvador do mundo! Chama-se Jesus Cristo, a imagem visível do Deus invisível, o enviado do Pai para refazer a humanidade.
Frei Clarêncio Neotti, OFM