Dez anos de Pontificado de Francisco

Na noite de 13 de março de 2013, Jorge Mario Bergoglio apareceu pela primeira vez na varanda central da Basílica de São Pedro vestido de branco. Juntamente com a homenagem afetuosa ao seu predecessor emérito, a sua saudação inicial já continha alguns traços salientes do pontificado: a ênfase em ser o Bispo de Roma, a Igreja «que preside na caridade a todas as Igrejas»; a centralidade do povo fiel de Deus ao qual o novo Pastor pediu uma bênção antes de a conceder; a oração por «uma grande fraternidade» no mundo dilacerado pela injustiça, violência e guerras. Nos dias que se seguiram, o Papa explicou o significado do nome que quis assumir, ligando-o ao sonho de «uma Igreja pobre e para os pobres»: Francisco de Assis, disse ele, é «o homem da pobreza, o homem da paz, o homem que ama e protege a criação». E alguns meses depois, em novembro do mesmo ano, o Papa publicou a exortação Evangelii gaudium, verdadeiro roadmap do pontificado, pedindo aos cristãos que testemunhem com a própria vida a alegria do Evangelho, para levar a toda parte, e em particular aos que mais sofrem, a proximidade e a ternura de um Deus que perdoa, acolhe, abraça.

Dez anos mais tarde, perguntamo-nos como celebrar este aniversário nos meios de comunicação social do Vaticano, e dos nossos diálogos surgiu a ideia de não sermos nós a falar do Papa Francisco, mas de dar espaço ao que o seu testemunho e o seu Magistério suscitaram ou ajudam a crescer. Assim, escolhemos dar a palavra às testemunhas, nas mais diversas situações do mundo. Àqueles que todos os dias reconhecem o rosto do Nazareno no sofrimento, nos descartados, nos distantes. Àqueles que contam pequenas grandes histórias que documentam o poder inerme do amor e o milagre do perdão em contextos de ódio ou indiferença. Cada uma delas descreve a reverberação de um dos temas principais do pontificado, compondo um mosaico que reacende a esperança. Uma esperança que é possível, apesar dos muitos sinais sombrios a que infelizmente assistimos, o primeiro dos quais é o risco cada vez mais concreto para a humanidade de se autodestruir.

Dar voz às testemunhas pareceu-nos a forma mais apropriada de nos sintonizar com o povo de Deus que ama Francisco e continua a rezar por ele. Aquele povo segue o Papa, e juntamente com ele dirige-se a Jesus com as palavras de Pedro, reconhecendo a fonte de esperança e salvação: «Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo».

Ad multos annos Santo Padre!

Fonte: Vatican News (editorial de Andrea Tornielli e Andrea Monda


DEZ ANOS DO PONTIFICADO DO PAPA FRANCISCO

Mensagem dos Bispos Italianos
10º aniversário da eleição para a Cátedra de Pedro – Felicitações da Presidência da Conferência EpiscopaI Italiana ao Papa Francisco.

Beatissimo Padre, dez anos se passaram desde aquela “boa noite” com a qual o senhor se apresentou à Igreja e ao mundo inteiro; desde então, suas palavras e gestos continuaram a tocar o coração, a surpreender, a falar a todos e a cada um.

Essa saudação foi o início de um diálogo: neste tempo, ajudou-nos a compreender como o Evangelho é atraente, persuasivo, capaz de responder às muitas perguntas da história, e a escutar as perguntas que afloram nas dobras da existência humana.

O senhor nos ensinou a sair, a ir às ruas e sobretudo a ir às periferias, para entender quem somos. Só podemos nos conhecer realmente olhando de fora, daquelas primeiras periferias que são os pobres: o senhor nos encorajou a encontrá-los, a vê-los, a tocá-los, a fazê-los nossos irmãos e irmãs mais novos. Porque, como nos lembrou muitas vezes, a nossa não é uma fé de laboratório, mas uma viagem, na história, a ser feita em conjunto.

Queremos expressar nossa gratidão por ter aceitado o legado de Bento XVI e por nos ter acompanhado, a partir do Ano da Fé, encorajando-nos a viver como cristãos nas muitas contradições, desafios e pandemias deste mundo. Com o compromisso de “traçar juntos caminhos de paz”, porque “somente a paz que vem do amor fraterno e desinteressado pode nos ajudar a superar crises pessoais, sociais e mundiais” (Mensagem para o Dia Mundial da Paz, 1º de janeiro de 2023).

Juntamente com as Igrejas na Itália, oferecemos nossos mais calorosos votos para este aniversário, assegurando ao senhor nossa proximidade ativa e nossas orações (Roma, 13 de março de 2023)

Depoimento do Secretário-Geral do Sínodo
Uma frase que me impressionou e muitas vezes me faz pensar é uma frase tirada da encíclica Fratelli Tutti, onde o Santo Padre diz que hoje “ninguém se salva a si mesmo” (n.32). Esta afirmação não é válida apenas na Igreja, mas também deve ser colocada na vida cotidiana. Com efeito, creio que num mundo fragmentado, num mundo de conflitos e individualismos, o Santo Padre – naturalmente inspirado por Jesus e pelo seu Evangelho – procura criar maior comunhão entre os homens e as mulheres do nosso tempo: e isto, repito, tanto no mundo secular como na Igreja. Este é o desafio, certamente não fácil, que o Papa lançou nos últimos anos. O Papa Francisco está sustentando a Igreja em seus passos, pequenos passos, nesta direção, justamente para ajudar tanto a comunidade eclesial quanto a comunidade internacional a se unirem para então poder enfrentar os desafios da humanidade hoje.
Cardeal Mario Grech

Depoimento da escritora e poetisa sobrevivente da Shoah
«É verdade! É ele!» repetia comigo mesma. «É o Papa!», enquanto permanecemos abraçados como se nos tivéssemos reencontrado após milénios. Eu, judia, sobrevivente do Shoah, como os meus antepassados, a sofrimentos indescritíveis, pelos quais o Papa Francisco veio visitar-me, pedindo perdão, como os dois Papas anteriores já tinham feito, o polaco luminoso e o alemão aparentemente em dificuldade, mas na sinagoga, de onde muito pouco das palavras deles chegou ao público através da imprensa e outros meios de comunicação social. O Papa argentino estava bem ciente de que com a sua visita à minha casa enviaria uma mensagem a todo o mundo, como testemunham os numerosos telefonemas que recebi de toda a parte. Depois de me entregar as suas prendas, um grande volume do Talmud e a Menorah, símbolo de Israel, ao contrário de nós, sentiu-se imediatamente em casa e falou com as poucas pessoas presentes num tom familiar e afável, com o seu sotaque espanhol que de certa forma soava infantil, daquela criança nele e também em mim, dois inocentes que se encontraram e enriqueceram um ao outro com um bem imediato e duradouro. Ao comer o bolo de ricota que tínhamos preparado, juntamente com muitas outras coisas sobre a mesa, ele perguntou-me o que eu estava a escrever. Mostrei-lhe do meu último livro de versos um dos poemas, intitulado Educação, ele leu-o e pediu-me uma cópia.
O seu calor ainda paira na casa, onde a sua figura branca me aparece ocasionalmente na poltrona vazia, esperando-o com nostalgia, para celebrar os dez anos do seu pontificado, por tantos anos mais com a sua humanidade calorosa que se espalha pelo mundo e as suas palavras, que são uma invocação de paz e fraternidade.
Acerca do encontro, um verdadeiro “encontro”, escrevi um pequeno livro, pedindo o seu prefácio, que ele fez imediatamente e enviou-me através do diretor de «L’Osservatore Romano».
Edith Bruck

Mensagem do Patriarca ecumênico de Constantinopla
Para mim é uma honra especial e uma profunda alegria expressar as minhas mais sinceras felicitações ao meu amado irmão, o Papa Francisco, por ocasião do décimo aniversário da sua eleição como primeiro bispo da nossa Igreja irmã de Roma. Ao longo destes dez anos, a nossa amizade e colaboração, especialmente no ministério de levar conforto e paz a todo o povo de Deus, e no mandato de promover cuidados e cura para toda a Criação de Deus, aproximaram-nos na nossa convicção e compromisso comum de ver o rosto e acolher a presença de Nosso Senhor Jesus Cristo nos últimos dos nossos irmãos e irmãs sofredores.
Caro irmão Francisco, apreciamos as prioridades da tua liderança, aplaudimos a prudência das tuas ações e admiramos os progressos do teu mandato. Pessoalmente, não vejo a hora de partilhar os próximos passos do teu caminho abençoado à medida que nos aproximamos da comemoração histórica e extraordinária celebração do Primeiro Concílio ecumênico de Niceia, onde foram formulados os principais artigos do nosso Credo cristão. Ad multos annos, meu caro amigo! Chrónia pollá!
Bartolomeu I

Mensagem do Grão Imame de Al-Azhar
Prezado amigo e irmão Papa Francisco, uma saudação cordial.
Tenho o prazer de enviar a Vossa Santidade as minhas mais calorosas felicitações pelo décimo aniversário do seu mandato como Papa e Chefe da Igreja Católica.
Aprecio com orgulho o seu ilustre caminho ao longo dos últimos dez anos, durante os quais procurou construir pontes de amor e fraternidade entre todos os seres humanos, e o seu incansável esforço para promover os valores da fraternidade humana e estabelecer o diálogo entre os seguidores das religiões como base para alcançar a paz pela qual todos nós ansiamos.
Meu irmão Papa Francisco, o nosso mundo hoje está cheio de desafios, conflitos e dificuldades a todos os níveis morais, económicos e sociais, o que aumenta o sofrimento de muitas pessoas; por conseguinte, torna-se grande a responsabilidade dos líderes e de uma figura emblemática e coerente como Vossa Santidade para aliviar o sofrimento das pessoas e dos oprimidos. Peço a Deus que abençoe os seus esforços na busca da paz e que nos ajude, juntamente consigo, com quantos amam o bem e com todas as pessoas de boa vontade, a cumprir o nosso dever religioso e moral de promover a paz e consolidar o conhecimento mútuo e a solidariedade.
Que possas – meu querido irmão – ser abençoado com boa saúde, bem-estar e felicidade, e que Deus Todo-Poderoso te abençoe sempre. Aceito de bom grado qualquer iniciativa de trabalhar em conjunto para realizar a fraternidade humana, para que a segurança, a tranquilidade, a convivência e a estabilidade prevaleçam no nosso mundo.
Com sinceridade
Grão Imame de Al-Azhar, máxima autoridade do islã sunita

Mensagem do Primaz Anglicano Justin Welby
A primeira vez que me encontrei com o Papa Francisco foi cerca de dois ou três meses após ter iniciado o meu mandato e estava muito nervoso. Nunca me tinha encontrado com um Papa, não sabia o que pensar, não sabia que tipo de pessoa ele era. Entrámos, sentei-me e ele disse: «Sou maior que tu…», e eu pensei: «Meu Deus, será um daqueles…». E ele acrescentou: «… de três dias!». Porque ele tinha começado o pontificado três dias antes de eu começar o meu cargo. Esse início revelou-me muito sobre o Papa Francisco e caraterizou a minha experiência com ele.
Experimentei a sua humanidade extraordinariamente profunda, que não faz concessões acerca da verdade, e que atribui um valor infinito a cada ser humano. Muitos o dizem – eu também – mas ele vive-o. A segunda coisa é uma notável abertura na sua abordagem à moral. Ele procura olhar para os problemas através de uma lente diferente, de uma forma diferente. Talvez seja o seu background como jesuíta. Não sei, acontece muito com os jesuítas, mas o resultado é que ele aborda os problemas de uma perspetiva surpreendente. Se falarmos com ele sobre os muitos problemas que a Igreja enfrenta, ele olha para o coração humano e encontra formas de amar que conseguem desbloquear as partes endurecidas do coração.
A terceira coisa que gostaria de dizer sobre ele é que a simplicidade que aparece é uma simplicidade genuína. Estes três aspetos: a sua notável capacidade de intelecto e caráter, a profundidade do seu coração e a sua simplicidade permitem-lhe alcançar de uma forma extraordinária aqueles que estão fora da Igreja, como fez São João Paulo II. Há uma profundidade que é uma bênção para toda a Igreja, e não apenas para a Igreja católica romana.
Justin Welby – Arcebispo de Canterbury, Primaz da Comunhão Anglicana

Mensagem do rabino Di Segni
Chegamos a dez anos de pontificado do Papa Francisco. O número 10 é um número importante, simbólico, a base de nosso sistema de contagem, dez são os dedos da mão, mas para um estudioso da Bíblia “10” relembra os Dez Mandamentos, relembra também as dez palavras fundamentais com as quais o mundo foi criado, e dez foram também – nas palavras de Moisés – as rebeliões do povo de Israel durante sua permanência no deserto. Assim, “10” recorda – em termos bíblicos – os fundamentos do comportamento e também o desejo, às vezes, de minar esses fundamentos.
Aqui, temos uma data significativa para celebrar: meu desejo para o Papa Francisco é que ele continue a ter muita saúde, muita força e, acima de tudo, sabedoria, e continue a conduzir sua comunidade com a força e a sabedoria que ele teve até agora. E também, que ele mantenha esta relação especial de amizade que quis manter com o povo judeu.Riccardo Di Segni, Rabino chefe da comunidade judaica de Roma


IGREJA CELEBRA 10 ANOS DO PONTIFICADO DO PAPA FRANCISCO

Foi o primeiro Papa a escolher o nome de Francisco. Ele mesmo explicou o motivo: “Na eleição, eu tinha ao meu lado o arcebispo emérito de São Paulo, um grande amigo (era Dom Cláudio Hummes, que receberam o cardinalato na mesma data, em 21 de fevereiro de 2001). Quando a coisa começou a ficar um pouco perigosa, ele começou a me tranquilizar. E quando os votos chegaram a 2/3, aconteceu o aplauso esperado, pois, afinal, havia sido eleito o Papa. Ele me abraçou, me beijou e disse: ‘Não se esqueça dos pobres’. Aquilo entrou na minha cabeça. Imediatamente lembrei de São Francisco de Assis.”
A perspectiva do seu pontificado partiu de baixo, com uma maior atenção às “periferias” existenciais e geográficas do mundo, como ponto de partida do seu modo de ser e agir. Ao convidar os fiéis a retomar o frescor original do Evangelho, pediu-lhes um maior fervor e dinamismo, para que o amor de Jesus pudesse chegar realmente a todos. A Igreja que Bergoglio queria era uma Igreja “em saída”, de portas abertas, um hospital de campanha, sem temer a “revolução da ternura e o milagre da delicadeza”.

Missas diárias na Casa Santa Marta

Papa Francisco começou o seu pontificado marcado pela novidade. A mais importante foi a de celebrar missas diárias na Casa Santa Marta, onde decidiu morar, ao invés da Residência Apostólica. Esta foi mais uma novidade! Em suas breves homilias, pronunciadas com rigor e estilo de pároco, buscou estabelecer um diálogo direto com os fiéis, exortando-os a um confronto imediato com a Palavra de Deus.

“Evangelii gaudium”, um texto programático do Pontificado

No mesmo ano da sua eleição, Francisco surpreendeu a todos com a publicação de uma Exortação Apostólica “Evangelii gaudium”: um verdadeiro “texto programático” do seu primeiro pontificado. No documento, o Santo Padre exorta a uma “nova evangelização”, caracterizada pela alegria, bem como à reforma das estruturas eclesiais e à conversão do Papado, para que sejam mais missionárias e próximas do sentido desejado por Jesus.

Migração

A primeira viagem como pontífice deu-se em 8 de julho de 2013, na ilha italiana de Lampedusa, porto de desembarques desesperados, onde acendeu os refletores globais sobre o drama da migração, tema importante do seu pontificado.

Em abril de 2016, ao voltar de uma visita ao campo de refugiados em Lesvos, na Grécia, o Papa trouxe consigo, no voo de retorno, 12 refugiados sírios, para que recebessem assistência e acolhida em Roma.

Conselho de cardeais

Ainda em 2013, o Papa instituiu um “Conselho de cardeais” para estudar um projeto de revisão da Constituição Apostólica “Pastor bonus”, sobre a Cúria Romana, que remonta ao ano de 1988.

A família

A família foi o foco central da pastoral do Papa Francisco, em 2014, à qual dedicou um Sínodo extraordinário. Para o Pontífice, a sociedade individualista contemporânea agride duramente a família, colocando em risco os direitos dos filhos e dos pais, sobretudo no âmbito da educação moral e religiosa. O tema da família teve seu ápice na Exortação Apostólica “Amoris Laetitia”, em 8 de abril de 2016, na qual Francisco destacou a importância e a beleza da família, com base no matrimônio indissolúvel entre o homem e a mulher; o documento trata, com realismo, das fragilidades de algumas pessoas, que se divorciam e casam de novo, incentivando os pastores ao discernimento.

Comissão para a Tutela dos Menores

Do ponto de vista das reformas, em 2014, foi muito significativa a instituição da Pontifícia Comissão para a Tutela dos Menores, que tem o objetivo de propor iniciativas ao Pontífice sobre “a promoção e a responsabilidade das Igrejas particulares em relação à proteção de todos os menores e adultos vulneráveis”.

Diplomacia

Sobre a ação diplomática, o ano de 2014 foi caracterizado por duas grandes iniciativas do Papa Francisco: primeiro, a “Invocação pela Paz” na Terra Santa, em 8 de junho, nos Jardins do Vaticano, junto com os presidentes de Israel, Shimon Peres, e o da Palestina, Mahmoud Abbas; segundo, o restabelecimento das relações diplomáticas entre Estados Unidos e Cuba.

Salvaguarda da Criação

O ano 2015 foi dedicado à “salvaguarda da criação”: em 24 de maio, Francisco assinou a Encíclica “Laudato sì” sobre o cuidado da nossa Casa Comum, cujo ponto central foi a ecologia integral, em que a preocupação com a natureza, a equidade com os pobres e o compromisso da sociedade são inseparáveis. Por isso, o Pontífice instituiu o Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação, de cunho ecumênico, que se celebra todos os anos no dia 1° de setembro.

Jubileu Extraordinário da Misericórdia

O fio condutor do pontificado de Francisco, em 2016, foi, sem dúvida, a “misericórdia”, com proclamação do “Jubileu extraordinário da Misericórdia”, que se concretizou com as preocupações com os últimos, os mais pobres. “Decidi convocar um jubileu extraordinário que tenha seu centro na misericórdia de Deus. Será um Ano Santo da Misericórdia”, disse.

Foi um Jubileu de ampla extensão, que deu a possibilidade de abrir uma “Porta Santa” em todas as igrejas do mundo e antes de abrir a Porta da Basílica Vaticana, o Papa Francisco abriu outra, muito simbólica: a Porta da Catedral de Bangui, na República Centro-Africana, durante a sua viagem apostólica, em novembro de 2015.

Declaração conjunta

Em 2016, aconteceu um evento inédito: em 12 de fevereiro, o Pontífice encontrou-se em Cuba com o Patriarca de Moscou e de toda a Rússia, Kirill. Ambos os líderes religiosos assinaram uma declaração conjunta, com a qual se comprometeram em responder aos desafios do mundo contemporâneo, inclusive o fim da perseguição aos cristãos e das guerras, promover o diálogo inter-religioso, ajudar os migrantes e refugiados e proteger a vida e a família.

Dia Mundial dos Pobres

O ano 2017 foi caracterizado pela celebração do primeiro Dia Mundial dos Pobres: um acontecimento que deveria ser – segundo o Papa – uma advertência de que “a presença de Jesus se manifesta” sobretudo nos pobres: “eles abrem o caminho para o céu e são o nosso passaporte para o céu”.

Sínodo sobre os Jovens

Em 2018, o Papa realizou o Sínodo sobre os Jovens que pediu aos jovens para “escutar, serem próximos e testemunhar”, porque “a fé é uma questão de encontro, não uma teoria”. Este apelo tornou-se bem mais forte com a Exortação apostólica pós-sinodal “Christus vivit”, em 2019.

Acordo com a China

Em 2018, no campo diplomático, deu-se o Acordo Provisório entre a Santa Sé e a República Popular da China, assinado em Pequim, em 22 de setembro, sobre a nomeação dos bispos. Em 2020, o acordo foi renovado por dois anos.

Luta contra os abusos

A luta contra os abusos teve seu ápice em 2019, com um Encontro de Cúpula, no Vaticano, sobre a tutela dos menores, do qual nasceu o Motu próprio “Vos estis lux mundi”, que obrigava os clérigos e religiosos a denunciar os abusos.

Fraternidade, paz e unidade dos cristãos

Em 2019, aconteceram três grandes eventos: primeiro, a assinatura do documento “Fraternidade humana pela paz mundial e a convivência comum”, assinado pelo Papa Francisco e pelo Grão Imame de Al-Azhar, Ahamad al-Tayyeb, em Abu Dhabi, em 4 de fevereiro.

O segundo evento foi a realização de um retiro espiritual, no Vaticano, para os líderes civis e eclesiásticos do Sul do Sudão. O encontro espiritual deu-se em abril e concluiu-se com um ato impressionante: Francisco ajoelhou-se e beijou os pés do presidente e vice-presidente da República do Sudão do Sul para “implorar o fim definitivo da guerra” no jovem país africano.

O terceiro foi em vista da relação da unidade dos cristãos: no dia 29 de junho, Francisco doou alguns fragmentos das relíquias de São Pedro a uma delegação do Patriarcado Ecumênico de Constantinopla.

Reformas econômicas e financeiras

Em agosto de 2019, no âmbito das reformas, o Pontífice renovou, com um quirógrafo, o Estatuto do IOR (Banco do Vaticano), na qual deu origem, em 2020, ao Estatuto da Autoridade de Informação Financeira.

Economia de Francisco

Também em 2019, o Papa Francisco convidou os jovens do mundo inteiro para juntos discutirem uma proposta de economia sustentável para o planeta, o que ficou denominado de “Economia de Francisco”. A pandemia atrasou os planos, mas o evento em âmbito global foi realizado em Assis, no mês de setembro 2022, com a presença do Papa e cerca de mil jovens economistas e empresários de mais de 120 países de todo o mundo.

Oração em plena pandemia

Em 2020, o ano e a fase mais crítica da pandemia da Covid-19, o Papa Francisco permaneceu ao lado dos fiéis mediante o poder da oração constante. No dia 27 de março, diante da Basílica Vaticana, em uma Praça São Pedro deserta e chuvosa, o Pontífice presidiu sozinho a “Statio Orbis” para o mundo inteiro.

Querida Amazônia

Em fevereiro de 2020, foi publicada a quinta Exortação Apostólica intitulada “Querida Amazônia”, que reúne os frutos do Sínodo Especial para a Região Pan-Amazônica, realizado no Vaticano, em 2019.

Pacto Educativo Global

Para marcar os cinco anos da encíclica Laudato si’, o Papa Francisco lançou a iniciativa de um pacto global na área da educação, que seria realizado no dia 14 de maio de 2020, no Vaticano.

A pandemia da Covid-19 fez adiar, mas o Santo Padre relançou o projeto em outubro do mesmo ano: “Queremos empenhar-nos corajosamente a dar vida a um projeto educativo, investindo as nossas melhores energias e iniciando também processos criativos e transformadores em colaboração com a sociedade civil”.

Encíclica “Todos Irmãos”

Em outubro de 2020, foi a vez da terceira Encíclica, “Todos Irmãos”, que, mas pegadas salientes deste pontificado, apela à fraternidade e à amizade social e reitera o “não” decisivo às guerras, para a construção de um mundo melhor, com o esforço de todos.

Viagens apostólicas

Em 2021, mesmo com as restrições da pandemia, o Papa Francisco esteve no Iraque, de 5 a 8 de março, a Mesopotâmia e a terra abraâmica, realizando o sonho de muitos pontífices. A viagem apostólica teve como fruto o respeito ao diálogo inter-religioso com a maioria xiita e o encorajamento na fé dos cristãos locais.

Em setembro, o Papa também esteve em Budapeste, por ocasião da conclusão do 52° Congresso Eucarístico Internacional, e na Eslováquia. No início de dezembro, esteve em Chipre e na Grécia.

Ministério de Catequista

Com a publicação da Carta Apostólica “Antiquum ministerium” sob forma de “Motu Proprio”, de 10 de maio do ano de 2021, o Pontífice institui o Ministério de Catequista.

Liturgia Romana

Na publicação da Carta Apostólica “Traditionis custodes” também sob forma de Motu Proprio, em 16 de julho de 2021, na qual redefiniu o uso da Liturgia Romana anterior à Reforma de 1970.

Sínodo da Sinodalidade

No dia 10 de outubro de 2021, o Pontífice presidiu na Basílica Vaticana a missa de inauguração dos caminhos do Sínodo sobre a Sinodalidade, que acontecerá em várias fases e culminará no Vaticano em 2023 (prolongado até 2024).

Consagração da Humanidade

Por ocasião da guerra na Ucrânia, O Santo Padre realizou na Basílica de São Pedro, no dia 25 de março de 2022 – que foi estendido a todas as dioceses do mundo –, a celebração de penitência e o ato solene de Consagração da Humanidade, particularmente da Rússia e da Ucrânia, ao Imaculado Coração de Maria.

Reforma da Cúria

O Papa Francisco emanou no dia 19 de março de 2022 a Constituição Apostólica Praedicate Evangelium, que contém o plano para uma reforma orgânica da Cúria Romana, ou seja, de todas as estruturas administrativas da Igreja católica, com o objetivo de apoiar e renovar a sua dimensão espiritual.

Encontro das Famílias

O Papa Francisco encerrou no dia 25 de junho de 2022 o 10º Encontro Mundial das Famílias, na Praça São Pedro, com missa presidida pelo prefeito do Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida, Cardeal Kevin Farrel. Com fortes dores nos joelhos, o Santo Padre acompanhou e fez a homilia sentado à direita do altar.

Perdão Celestino

Na cidade italiana de L’Aquila, no dia 28 agosto de 2022, o Papa Francisco participou do Perdão Celestino, uma tradição secular, conhecida como Perdonanza Celestiniana. Francisco foi o primeiro Papa em 728 anos a abrir, na celebração anual instituída pelo Papa Celestino V, em 1294, a Porta Santa da Basílica de Santa Maria di Collemaggio.

Antecessores

No dia 4 de setembro de 2022, o Papa Francisco presidiu na Basílica de São Pedro a beatificação do Papa João Paulo I, falecido em 1978. Pouco tempo depois, no dia 5 de janeiro de 2023, presidiu as exéquias de seu antecessor, o Papa emérito Bento XVI, falecido no dia 31 de dezembro de 2022, aos 95 anos.

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Papa Francisco em números:

427 audiências gerais

552 orações do Ângelus ou Regina Coeli

790 homilias na Casa Santa Marta

76 cartas apostólicas, das quais 56 sob forma de Motu Proprio

39 constituições apostólicas

Viagens apostólicas: 40 internacionais e 28 na Itália

A primeira viagem apostólica de seu pontificado foi no Rio de Janeiro, de 22 a 29 de julho de 2013 por ocasião da Jornada Mundial da Juventude. A próxima, a de número 41, será na Hungria, de 28 a 30 de abril, com o lema: “Cristo é nosso futuro”.

Santos e santas – Proclamou mais de 900 (incluindo os 800 mártires italianos de Otranto). Do Brasil, proclamou São José de Anchieta, em 3 de abril de 2014; os 30 santos mártires de Cunhaú e Uruaçu (protomártires do Brasil), martirizados no Rio Grande do Norte, em 15 de outubro de 2017; e Santa Dulce dos Pobres, em 13 de outubro de 2019.

Encíclicas – 3:

Fratelli tuti (Todos irmãos), sobre a fraternidade a amizade social, em 3 de outubro de 2020
Laudato si’ (Louvado sejas), sobre o Cuidado da Casa Comum, em 24 de maio 2015
Lumen fidei (A luz da fé), sobre a fé cristã, de 29 de junho de 2013.

Exortações Apostólicas – 5:

Querida Amazônia, sobre a Amazônia, em 2 de fevereiro de 2020

Christus vivit (Ser para os outros), sobre o tema dos jovens, da fé e do discernimento vocacional, em 25 de março de 2019

Gaudete et exsultate (Alegrai-vos e exultai), sobre como viver a santidade, de 19 de março de 2018

Amoris laetitia (Alegria do amor), sobre o amor em família, em 19 de março de 2016

Evangelii Gaudium (Alegria do Evangelho), sobre o anúncio do Evangelho no mundo atual, em 24 de novembro de 2013

Consistórios para a criação de novos cardeais

(Convocou oito Consistórios e criou 121 cardeais, sendo 95 eleitores e 26 acima de 80 anos)

1º – 22/2/2014: criação de 19 cardeais, sendo três acima de 80 anos (do Brasil, Dom Orani João Tempesta)

2º – 14/2/2015: criação de 20 cardeais, sendo cinco acima de 80 anos

3º – 19/11/2016: criação de 17 cardeais, sendo quatro acima de 80 anos (do Brasil, Dom Sérgio da Rocha)

4º – 28/06/2017: criação de cinco cardeais

5º – 29/06/2018: criação de 14 cardeais, sendo três acima de 80 anos

6º – 05/10/2019: criação de 13 cardeais, sendo três acima de 80 anos

7º – 28/11/2020: criação de 13 cardeais, sendo quatro acima de 80 anos

8º – 27/08/2022: criação de 20 cardeais, sendo quatro acima de 80 anos (do Brasil, Dom Leonardo Ulrich Steiner e Dom Paulo Cezar Costa)

Jubileus

Extraordinário – Jubileu da Misericórdia: proclamado pela Bula Misericordiae vultus (face da misericórdia), de 11 de abril de 2015, e realizado de 8 de dezembro de 2015, Festa da Imaculada Conceição, a 20 de novembro de 2016, Festa de Cristo Rei.

Ordinário – Jubileu de 2025 – será o 27º jubileu ordinário da história da Igreja. O primeiro foi proclamado pelo Papa Bonifácio VIII, em 1300.

Convocação de Anos Especiais

Vida Consagrada (2015-2016) – com o objetivo de fazer memória, com gratidão; viver o presente, com paixão; e abraçar o futuro, com esperança
Ano de São José (2020-2021) – proclamado no dia 8 de dezembro de 2020 com a publicação da carta apostólica “Patris corde” (coração de pai), no aniversário de 150 do pai putativo de Jesus como padroeiro da Igreja.

Ano da Família “Amoris Laetitia” (2021-2022) – em comemoração aos dois Sínodos sobre a Família

Dias ou eventos especiais

2014 – “24 horas para o Senhor” – a ser realizado na sexta-feira e no sábado que antecede o quarto domingo da Quaresma, para facilitar que os fiéis participem do Sacramento da Reconciliação

2015 – Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação – de cunho ecumênico, que se celebra, todos os anos, no dia 1° de setembro, instituído com o lançamento da Encíclica “Laudato si’, no dia 24 de maio de 2015.

2016 – Dia Mundial dos Pobres – como sinal concreto do Ano Santo da Misericórdia, a ser celebrado no 33º Domingo do Tempo Comum

2019 – Domingo da Palavra de Deus – no 3º Domingo do Tempo Comum. A celebração foi estabelecida pelo Motu Proprio “Aperuit illis”, de 30 de setembro de 2019, por ocasião dos 1.600 anos da morte de São Jerônimo, tradutor da Bíblia, que afirmou: “A ignorância das Escrituras é a ignorância de Cristo”.

2021 – Dia Mundial dos Avós e dos Idosos – a ser comemorado no quarto domingo de julho, próximo à festa de Sant’Ana e São Joaquim (26 de julho), avós de Jesus e protetores de todos os avós

Ministérios

Com a publicação da Carta Apostólica “Antiquum ministerium” sob forma de “Motu Proprio”, de 10 de maio do ano de 2021, institui o Ministério de Catequista

Projetos especiais

Economia de Francisco – Convite do Papa aos jovens economistas, empreendedores e agentes de mudança do mundo para lançar as bases de uma nova economia, mais justa, equa e fraterna.

Pacto Educativo Global – promoção de um caminho educativo de amadurecimento de uma solidariedade universal e uma sociedade mais acolhedora

Festas litúrgicas

Festa litúrgica de Santa Maria Madalena – testemunha da ressurreição e primeira apóstola -, a ser celebrada no dia 22 de julho –, foi instituída no dia 3 de junho de 2016, durante o Jubileu da Misericórdia.

Memória da Virgem Maria Mãe da Igreja – a ser celebrada na primeira segunda-feira após Pentecostes. Foi inserido no Calendário Litúrgico no dia 21 de maio de 2018 (cf. Decreto “Ecclesia Mater”, da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, de 11 de fevereiro de 2018 e publicado no dia 3 de março de 2018)

Jornada Mundial da Juventude

Papa Francisco foi protagonista de 3 edições da Jornada Mundial da Juventude, e participará da próxima, em Portugal.

2013 – 22 a 29 de julho – Rio de Janeiro, no Brasil, com o tema: “Ide, pois, fazer discípulos entre todas as nações” (Mt 28,19)

2016 – 26 a 31 de julho – Cracóvia, na Polônia, com o tema: “Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançaram a misericórdia” (Mt 5,7)

2019 – 22 a 27 de janeiro – Cidade do Panamá, no Panamá, com o tema: “Eis a serva do Senhor; Faça-se em mim segundo a Vossa Palavra” (Lc 1,38)

2023 – 1 a 6 de agosto – Lisboa, em Portugal, com o tema “Maria levantou-se e partiu apressadamente” (Lc 1, 39)

Sínodos dos Bispos

1 – Família – de 5 a 19 de outubro de 2014 – III Assembleia Geral Extraordinária do Sínodo dos Bispos: “Os desafios pastorais da família no contexto da evangelização”

2 – Família – de 4 a 25 de outubro de 2015 – XIV Assembleia Geral Ordinária: “A vocação e a missão da família na Igreja e no mundo contemporâneo”

3 – Jovens – de 3 a 28 de outubro de 2018 – XV Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos: “Os jovens, a fé e o discernimento vocacional”

4 – Amazônia – de 6 a 27 outubro 2019 – Assembleia Especial do Sínodo dos Bispos para a Região Pan-Amazônica: “Amazônia, novos caminhos para a Igreja e para uma nova ecologia integral”

5 – Sinodalidade – de 10 de outubro de 2021 a outubro de 2023 (foi prolongado para 2023) – XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos: “Por uma Igreja sinodal: comunhão, participação e missão”


Nota da RedaçãoTodos os textos foram colhidos da Vatican News, que merece os parabéns assim como o Papa Francisco neste Pontificado. O texto que faz um balanço deste Pontificado é de Carlos Moioli – Arquidiocese do Rio de Janeiro.

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