Paz e Bem!
Na esperança da ressurreição, celebramos na noite desta quarta-feira (31/07) a páscoa de Frei José Clemente Müller, que no dia 24 de julho 2024, a irmã morte o visitou e o levou para junto de Deus para contemplar a face de Deus.
Frei Clemente nasceu no dia 07 de março de 1952, em Albertina – Rio do Sul (SC), e já aos 8 anos despertou para a vocação religiosa. No dia 02 de Agosto de 1976, Festa do Perdão de Assis, professou solenemente na Ordem dos Frades Menores. Após 1 ano foi enviado à Jerusalém para fazer os estudos de Teologia Bíblica, retornando ao Brasil para ser ordenado sacerdote no dia 30 de Junho de 1979. No ano de 2022 chegou em Vila Velha e integrou-se à Fraternidade Franciscana junto com seus confrades: Frei Vanderlei, Frei Clarêncio e Frei Adriano.
Com um currículo repleto de estudos e experiências dentro e fora do Brasil, Frei Clemente, mesmo com cabelos brancos, trouxe jovialidade e dinamismo pastoral, seguindo tal como Jesus queria. Resgata na Paróquia do Rosário a proximidade da Santa Liturgia aos corações das crianças e dos jovens. Com muito afeto, bom humor, paciência e Cristo no coração, sempre chamava para perto, assim como o seu Mestre: ‘Deixai vir a mim os pequeninos”.
A catequese, os jovens e os seus queridos coroinhas, aprenderam com ele: como os judeus se vestiam, como o Evangelho é vivo, que devemos amar como Jesus amou, a arrumar a cama, rezar antes de dormir e ser como um lápis, que escreve boas histórias e dá cor a vida.
“Não vos chamo de servos, mas de amigos” sempre foi sua fala, e nesta simplicidade, no entendimento da Sagrada Escritura, preparou homens e mulheres para anunciarem a Palavra de Deus, e que hoje são Ministros da Palavra. Uma semente lançada em terras capixabas que crescem agora com um intercessor lá nos céus.
Sábio, resiliente, evangelizador, obediente, pobre e casto, um bom cozinheiro… um frade menor, que revelou o pobre de Assis, em cada gesto e ação. Um apaixonado pelo Reino e pela vida religiosa franciscana, isso resume Frei José Clemente.
Nós, como paróquia, agradecemos a Deus pelo tempo que Frei Clemente ficou conosco e afirmamos que juntos, continuaremos seguindo os seus ensinamentos e valores que ele nos deixou. Que a luz de sua memória nos guie em nossa jornada e que possamos seguir em frente, carregando seu amor e dedicação em nossos corações.
A missa foi presidida por Dom Frei Dario Campos, arcebispo de Vitória e que foi colega de turma do frade. Os dois se conheceram em 1973. Como o bispo disse em sua homilia, eles se conheceram no século passado e depois a vida levou cada um para um lado, até que dois anos atrás se encontraram novamente, aqui em Vila Velha, em uma grande alegria do encontro e da saudade. Ele lembrou que todas as vezes que se encontravam, relembravam momentos de sua vida de estudantes.
Junto do bispo, concelebrou toda a fraternidade de Vila Velha, com os frades de nossa Paróquia e os do Convento da Penha. A liturgia foi marcada pela presença das crianças da catequese infantil e também dos acólitos, duas equipes que ele tanto amou e se dedicou. Os Ministros da Palavra por ele recém formados, também estiveram presentes, além dos demais fiéis.
No início de sua reflexão, Dom Dario disse como as vezes para nós é triste a partida, mas São Francisco chamava de irmã morte, dizendo para nós o quanto a vida é frágil e merecemos caminhar essa vida como filhos e irmãos e criar fraternidade. O que fica é o amor, o carinho e a ternura que vamos convivendo e criando laços de fraternidade e amizade.
Ele também lembrou do seu último encontro com o amigo, quando quinze dias atrás encontrou com ele e frei Clarêncio, que foi professor dos dois, no Santuário do Divino Espírito Santo. Um encontro despretensioso, pois como ele mesmo disse, não sabe nem o motivo de ter vindo, só estava por perto e passou para vê-los rapidamente. Na despedida, frei Clemente o chamou para conversar e o que queria dizer era a alegria do trabalho dele na catequese e na formação dos ministros da palavra. Ao receber a aprovação e ver a alegria do bispo, o sorriso tão conhecido por todos se expandiu em seu rosto.
Ao final, agradeceu pela vida e presença do frei Clemente entre nós e pediu para que a irmã morte nos encontre todos preparados para contemplar Deus face a face, assim como agora ele contempla.
Após a comunhão, frei Clarêncio Neotti pediu licença para lembrar a ocasião em que o confrade celebrou seu jubileu de vida religiosa, também com a presença de Dom Dario. No dia, frei Clemente pediu para que frei Clarêncio fizesse a sua homilia, que então pediu para que o jubilando fizesse um balanço de sua caminha religiosa e ele assim escreveu: “O balanço que faço da minha vida religiosa, franciscana e sacerdotal resumo na expressão: ‘Tudo é mistério’. Me senti sempre um privilegiado, um bem cuidado por Deus, um acolhido pelos frades e só posso dizer que Deus sempre foi muito generoso comigo. Identifico minha vida com a frase de São Paulo aos Coríntios ‘Vós sois o perfume de Deus’.”
Em seguida foi a vez da Catequese Infantil prestar sua homenagem. Uma das coordenadores leu um lindo texto (abaixo na íntegra), e ao final, crianças, ministros da palavra, catequistas e tantos outros entraram de vários cantos da igreja com balões de coração que foram depositados aos pés de seu quadro enquanto cantava-se uma de suas músicas preferidas, Amar como Jesus amou.
A passagem do frei Clemente por nossa paróquia nos trouxe muitas mudanças positivas, queremos ressaltar a formação de ministros da Palavra, turma essa que ele falava com grande orgulho, a dedicação com as crianças, na missa, na catequese e nos coroinhas.
Sempre criativo e inusitado, trazia os ensinamentos com leveza e alegria, sabia acolher não somente
as crianças, mas suas famílias e os idosos com um jeito único.Intenso, incansável, sábio e corajoso. Nosso querido amigo nos ensinou muitas coisas. A rezar antes de dormir ajoelhados em nossa cama, a escrever nossa história guiados por Deus, a Santíssima Trindade dando o exemplo entre o olhar de um pai e filho, a Ressurreição com um pintinho fazendo surgir nas crianças a alegria do Ressuscitado, que não devemos deixar que as dificuldades abalem nossa fé e nosso amor por Deus, que devemos sempre caminhar com Jesus e em todas as missas ele nos lembrava que devemos também amar como Jesus amou.
Hoje as crianças querem homenagear aquele que foi e sempre será exemplo de amor, doação e resiliência. E que ficará em nossos corações para sempre.