6º Domingo do Tempo Comum: “Bem-aventuranças e maldições”

O Evangelho de hoje nos conta, na versão de Lucas, o Sermão das Bem-aventuranças. Quase sempre esse sermão é lido na versão de Mateus, que tem quatro Bem-aventuranças a mais e não tem as quatro maldições trazidas por Lucas. Na verdade, as quatro Bem-aventuranças e as quatro maldições giram em torno de uma única situação: a pobreza. É pobre o triste como é pobre o desprezado. Lucas contrapõe exatamente as Bem-aventuranças e as maldições: pobre-rico, faminto-farto, triste-sorridente, odiado-aplaudido, dando com isso uma concretude estupenda às palavras de Jesus. E mais: usa a segunda pessoa do plural, enquanto Mateus usa a terceira, que é indefinida. Usando a segunda pessoa, pode-se imaginar o dedo em riste, apontando para a multidão, apontando para cada um de seus ouvintes. E Jesus tinha autoridade para fazê-lo não só por ser o Mestre e Senhor (Jo 13,14), mas também porque ele, antes de ensiná-las, viveu as Bem-aventuranças. O Evangelho de Lucas olha muito para os pobres e marginalizados. As Bem-aventuranças ensinadas hoje são coerentes com o programa traçado por Jesus na sinagoga de Nazaré, ao começar sua vida pública (Lc 4,18).

Frei Clarêncio Neotti, OFM

 

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