O episódio de hoje, com a pesca, só é contado por Lucas. Há uma evidente vontade de salientar as duas duplas de irmãos, Pedro e André, Tiago e João, que tiveram grande influência nas comunidades primitivas da Igreja. E, entre os quatro, Lucas destaca a figura de Pedro. Primeiro, fazendo Jesus escolher a barca de Pedro para a pregação. E não por último, mostrando em Pedro ajoelhado diante do Senhor uma qualidade essencial ao discípulo de Jesus: a humildade, o reconhecimento da própria pequenez. Na Carta Apostólica Novo Millennio Ineunte, o Papa João Paulo II chama a atenção para o perigo de os cristãos confiarem mais na própria experiência e nas técnicas de convencimento do que na graça do Senhor: “Há uma tentação que sempre insidia qualquer caminho espiritual e também o trabalho pastoral: pensar que os resultados dependem da nossa capacidade de agir e de programar. É certo que Deus nos pede uma real colaboração, convidando-nos a usar todos os nossos recursos da inteligência e da ação, mas não podemos, de jeito nenhum, esquecer que sem Cristo nada podemos fazer (Jo 15,5)”.

Frei Clarêncio Neotti, OFM