Lucas hoje nos mostra a estrada da fé. O povo ouve a palavra cheia de graça de Jesus, fica maravilhado e fala bem dele (v. 22). Observe-se a expressão ‘palavra cheia de graça’. Não são os milagres que nos dão a fé: ela provém da graça divina. Até esse ponto chegaram os nazarenos. Mas esse ponto é decisivo. A palavra ‘decisão’ vem do verbo latino ‘decidere’ que significa cortar. Para se fazer o passo da fé, necessariamente devemos cortar a autossuficiência. O autossuficiente não sente necessidade da fé e não tem condições para a graça da fé. É como a pedra dura em relação à semente. Ouvir a palavra de Deus é bom, mas ainda não é fé. Maravilhar-se das coisas de Deus é bom, mas ainda não é fé. Falar bem de Deus é bom, mas ainda não é fé. Esse curto pedaço de estrada, prévio à fé, nos é mostrado muitas vezes no Evangelho. O seguinte passo implica necessariamente numa decisão, isto é, num reconhecimento da insuficiência humana, mesmo para uma inteligência genial. Meu sim a Jesus implica aceitar seu ensinamento e sua pessoa humana e divina como o caminho da minha vida, a vida do meu caminho e a verdade que fundamenta todos os meus passos (Jo 14,6).
Frei Clarêncio Neotti, OFM