São duas as lições do Evangelho de hoje e elas se sobrepõem. Primeira: a fidelidade do ser humano a Deus. Jesus confirma a fidelidade em qualquer circunstância como condição para ser seu discípulo. Fidelidade não apenas à lei, o que seria pouco, porque as leis podem ser humanas e transitórias. Mas fidelidade ao projeto que Deus sempre teve para cada criatura, e que a criatura, enfraquecida pelo pecado, distorce, muda ou abandona. Os cristãos são chamados de ‘fiéis’, isto é, os que guardam a fidelidade ao Evangelho, à pessoa e aos ensinamentos de Jesus. Segunda lição: a fidelidade matrimonial como uma expressão de fidelidade a Deus. Este é um assunto gravemente problemático no mundo moderno, que perdeu o senso do compromisso eterno. O relacionamento humano, particularmente a relação homem-mulher, é um lugar privilegiado em que se exerce a renúncia a si mesmo e aos próprios interesses (Mc 8,34), a disponibilidade ao serviço (Mc 9,35), a dedicação fiel e sem restrições (Mc 9,43-48). Esses temas/causas estão quase sempre à base da infidelidade seja conjugal, seja com Deus, e do divórcio, seja entre os esposos, seja entre a criatura e seu Criador.
Frei Clarêncio Neotti, OFM