1ª Leitura: Gn 22,1-2.9a.10-13.15-18
Salmo: Sl 115
2ª Leitura: Rm 8,31b-34
Evangelho Mc 9, 2-10
Tabor e Calvário: da morte nasce a vida
No primeiro Domingo da Quaresma, líamos o Evangelho das tentações e da conversão. Hoje, a Igreja nos mostra quem é Aquele que nos veio salvar e em que nos havemos de transformar, se superarmos as tentações da vida presente pela contínua conversão aos seus ensinamentos e a sua pessoa: seremos transfigurados.
No segundo domingo da Quaresma, sempre se lê a Transfiguração de Jesus. Os três sinóticos (Mateus, Marcos e Lucas) com o fato, a cada um deles pondo a luz sobre algumas particularidades. Para Marcos, a Transfiguração é uma epifania, isto é, uma manifestação inesperada da divindade. Da divindade oculta de Jesus, proclamado “Filho muito amado” pelo Pai, em meio à nuvem (símbolo da presença de Deus). A glória manifestada hoje, ainda que brevíssima do ponto de vista de duração e acontecida diante de apenas três apóstolos, é um espelho da glória eterna que Jesus sempre possuiu e terá, por natureza, por todo o sempre e diante de todas as criaturas celestes e terrestres, apesar de ter de passar pelo Calvário.
A narração de Marcos é mais condensada que a de Mateus e Lucas, mas contém todos os elementos de uma manifestação de Deus, segundo o esquema que conhecemos do capítulo 24 do Êxodo (24, 15-18): o monte (em todas as religiões antigas, mesmo as não monoteístas, Deus se encontrava com a criatura humana no ponto mais alto de um monte da região; sempre a ideia de que Deus, que é o Altíssimo, mora nas alturas, e o homem, para encontra-lo deve ‘subir’). A nuvem, que envolve o monte (pelo fato de a nuvem abranger todos os horizontes e alcançar alturas imagináveis, e por sua capacidade de ‘mostrar’ e ‘esconder’ o céu), sempre foi símbolo da presença de Deus em toda a parte e símbolo de um Deus que se esconde, por quer ser procurado, e se manifesta a quem, quando e onde quer. A voz de Deus (ouvida só por aqueles que o próprio Deus escolhe). O esplendor, a luz (no caso do Êxodo: fogo devorador, Ex 24, 17; hoje ‘vestes resplandecentes’, v. 3).
Frei Clarêncio Neotti, OFM