Por vários domingos seguidos, lemos o capítulo 6º do Evangelho de João, onde Jesus fala de sua origem divina, de sua missão salvadora, de sua mediação entre o céu e a terra; em que Jesus desenvolve e explica como nos dará a vida eterna, como podemos viver unidos a ele, feitos ramo em tronco; em que Jesus diz claramente que a fé deve ir além dos conhecimentos sensoriais e dos raciocínios da razão.
Em debate frontal, como gosta de fazer o quarto Evangelho, Jesus expõe a doutrina eucarística, doutrina inteiramente nova, inédita, inimaginável e até afrontosa aos sentimentos do povo que o escutava. Porque a lei era rigorosa e detalhada no uso das carnes. Porque a lei vetava consumir sangue e proibia derramar sangue humano. Se para nós hoje o raciocínio de Jesus parece claro, não o era para seus ouvintes.
Podemos, porém, nos perguntar: se é claro para nós, por que há tanta indiferença diante do corpo e do sangue do Senhor? Penso que a resposta é esta: porque é uma questão de fé e não apenas de religião; é uma questão de fé e não apenas de dedução lógica. É uma questão de fé, que ultrapassa o campo da ciência.
Por Frei Clarêncio Neotti, OFM