“O Senhor concedeu a uns para ser apóstolos, a outros profetas, a outros evangelistas, a outros pastores e mestres, para aperfeiçoar os santos em vista do ministério, para a edificação do Corpo de Cristo”(Ef 4, 11.12).
A palavra vocação vem do latim vocare, que quer dizer: convocar, chamar, escolher. Em geral é o chamado feito por Deus a determinada pessoa. Desde que a vida está sob a providência de Deus, as circunstâncias da vida estão em funcionamento da vocação de cada um (1 Cor 7,20). Em sentido teológico, vocação significa o chamamento de Deus a uma pessoa determinada para a vida religiosa, ao sacerdócio o outra vocação no seio da Igreja.
Vida Religiosa Consagrada
Com a expressão Vida Religiosa Consagrada nos referimos a certos cristãos – homens e mulheres – que vivem uma forma especial de seguimento a Jesus Cristo. Vivem em comunidade. Cultivam a oração. Meditam a Palavra de Deus. E participam na missão evangelizadora da Igreja, com especial atenção aos que foram os preferidos de Jesus: pobres, enfermos, pequenos…Os que abraçam essa forma de vida, não casam, vivem pobremente, e obedecem a regra e constituições próprias do Instituto a que pertencem.
Olhando mais de perto. A Vida Religiosa é uma forma de pertença a Deus e a Cristo, uma adesão amorosa ao Evangelho e ao Reino de Deus. Pode parecer estranho, mas a iniciativa dessa escolha não é da pessoa, mas de Deus. A pessoa sente-se chamada, atraída, envolvida pelo amor de Deus que a solicita. E a certa altura a pessoa se dá conta que esse amor é tudo, vale tudo, merece tudo, está acima de tudo. E então “se rende”. Entrega-se, deixa-se conduzir, coloca-se ao seu dispor: “Senhor, que queres que eu faça?”
Este processo – que tem sabor de enamoramento mas também de luta crucial – culmina na consagração. A consagração, mais do que gesto humano, é gesto de Deus, dom de sua graça, obra de seu amor. A ponto de o consagrado poder dizer como Jeremias: “Tu me seduziste, Senhor, e eu me deixei seduzir. Foste mais forte do que eu e me venceste no teu amor!” (Jer 20,7).
Vida Consagrada é, pois, vida no seguimento de Cristo, que implica partilha de sua vida, seus riscos e esperanças, suas preocupações, seu projeto existencial, suas atitudes vitais e totais, entre elas, a da castidade, pobreza e obediência. São Francisco e Santa Clara apontam como centro de sua regra: observar o Santo Evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo e seguir suas pegadas. E as pegadas de Jesus levam na direção do povo, exercitam na convivência fraterna, na missão apostólica, na prática da misericórdia.
Vida Consagrada como franciscano
“A vida e regra dos irmãos é observar o Santo Evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo, vivendo em obediência, sem propriedade e em castidade” (RB 1). Assim começa a Regra de Vida de São Francisco de Assis. Veja se esta afirmação expressa algo do que foi dito acima.
Jesus disse a certo jovem: “Se queres ser perfeito, vai, vende teus bens, dá-os aos pobres, e terás um tesouro no céu. Depois vem e segue- me”. E um pouco mais adiante completa: “Todo aquele que, por minha causa, deixar irmãos, irmãs, pai, mãe, mulher, filhos, terra ou casa, receberá cêntuplo e possuirá a vida eterna” (Mt 19, 21.29). Como lhe ressoam no coração estes textos do Evangelho?